sexta-feira, 1 de junho de 2012

Câncer de Mama e Sexualidade Feminina - Os simbolismos existentes nessa relação.


Suzanne Maria de Carvalho Leal*

RESUMO
Este é um estudo qualitativo que teve como objetivo compreender como as mulheres portadoras e não portadoras do câncer de mama representam sua sexualidade, identificando os principais significados relacionados aos símbolos implicados nessas representações. Para o desenvolvimento do referencial teórico foi utilizado como base a Psicologia Junguiana, abordando questões sobre os significados dos símbolos como forma de expressão, os significados do adoecer, da sexualidade feminina e do câncer de mama. Foram entrevistadas 10 mulheres, 5 portadoras do câncer de mama e 5 não portadoras, escolhidas com base em sua acessibilidade. Como instrumento, utilizou-se a entrevista livre e figuras que remetem à sexualidade feminina. A análise do conteúdo das entrevistas possibilitou perceber que estes traduzem representações subjetivas da vivência de cada mulher, envolvendo o relacionamento familiar e conjugal, os diversos significados do seio, a percepção e o contato consigo mesma e sua sexualidade, bem como o medo da morte. Este trabalho mostrou que a vivência satisfatória das próprias sensações, de seus desejos, de permitir-se ser mulher, entrar em contato com seu corpo, com sua sexualidade e feminilidade, são essenciais para que cada mulher possa estar em equilíbrio, não construindo ou oportunizando o surgimento de doenças psicossomáticas como o câncer, doença  que surge como um sintoma, mostrando que algo no ser está disfuncional e precisa de atenção e de cuidado.

Palavras-chave: câncer de mama, sexualidade feminina, simbolismo


INTRODUÇÃO

Embasado na Psicologia Junguiana, este trabalho busca compreender como a mulher simboliza sua sexualidade com e sem o câncer de mama, retratando questões sobre o adoecer e identificando os possíveis significados relacionados aos símbolos implicados nessas representações.
Os seios são uma das representações de feminilidade da mulher, da sua sexualidade. É de se supor, portanto, que o câncer de mama expressa uma possível perda de contato consigo mesma, tocando profundamente sua estrutura emocional e física.
Considerando o sintoma como um símbolo e que o adoecer modifica a relação da mulher com o mundo e consigo mesma, este trabalho explora a questão da doença como uma representação simbólica da psique, considerando a interação entre psique, símbolo e sexualidade feminina, bem como enfatizando a totalidade do ser e a sua integração.
A presente pesquisa sobre “Câncer de Mama e Sexualidade Feminina – os simbolismos existentes nessa relação”, trata-se de um trabalho de conclusão de curso de graduação em psicologia e foi realizado em um Hospital Geral da cidade de Teresina-PI, durante o período de agosto a novembro de 2008.
Com o objetivo geral buscou-se compreender como as mulheres, com e sem o câncer de mama representam simbolicamente sua sexualidade.
Os objetivos específicos são: levantar através da literatura os símbolos utilizados na cultura ocidental sobre a sexualidade; verificar os símbolos femininos utilizados pela mulher para descrever sua sexualidade; identificar os significados possíveis relacionados às representações desses símbolos; e captar a percepção da mulher em relação à sua sexualidade depois do câncer de mama.
Para a mulher, os seios são carregados de forte acepção simbólica e vistos como uma insígnia de sua identificação e sua sexualidade. Por isso busca-se compreender como a ocorrência do câncer de mama pode influenciar na simbolização da mulher e de sua sexualidade, estudando a existência de diferenças antes e depois do surgimento da doença, contribuindo para a construção da subjetividade feminina.
Espera-se que essa pesquisa possa contribuir para a construção de propostas práticas que tragam melhor qualidade de vida para a mulher com câncer de mama, atenuando o impacto emocional, propiciando-lhe vivenciar melhor a sua sexualidade. E, contribuindo inclusive, para a não recidiva do câncer de mama.

REFERENCIAL TEÓRICO

A capacidade de reter, evocar e relacionar experiências sensoriais em forma de símbolos é um traço distintivo do ser humano, em relação ao reino animal. Assim sendo, o símbolo, ao substituir na mente a experiência em si mesma, permite ao homem elaborar, em seu intelecto, uma quantidade imensa de informações que envolvem a codificação dos dados sensoriais em forma de palavras ou imagens, a sua memorização, a sua correlação com outros símbolos e o raciocínio (JUNG, 2008).
Tomado nesse sentido, é evidente que o símbolo está intimamente relacionado a todas as manifestações tipicamente humanas. Assim sendo, utiliza-se o símbolo como abordagem deste trabalho, explorando seus significados diante do processo do adoecer da mulher com câncer de mama.
A palavra “símbolo” deriva da palavra grega symballein, que significa algo como juntar, reunir (DAHLKE, 2004).
Segundo Ramos (1994) o símbolo é a expressão da percepção do fenômeno psique-corpo, através de uma conexão inesperada entre imagens simbólicas da psique e de acontecimentos da realidade exterior.
Jung foi responsável por descrever categorias simbólicas e sua preocupação era mostrar que a intuição, a emoção e a capacidade de perceber e de criar por meio de símbolos são modos básicos de funcionamento humano.
Um funcionamento inadequado da psique pode causar tremendos prejuízos ao corpo, da mesma forma que, inversamente, um sofrimento corporal pode afetar a psique, pois ela e o corpo não estão separados (Jung apud Ramos, 1994).
A emergência de alguma doença no corpo é, em sua maioria, uma manifestação simbólica em que a psique codifica apresentando ao corpo de maneira consciente para que possa haver uma conscientização psíquica da manifestação simbólica (ALT, 2000).
Destaca-se também a idéia central de que os pacientes psicossomáticos se diferenciam dos demais pela pobreza do seu mundo simbólico. Frente a qualquer estresse, reagiria com uma doença somática. Neste caso, o símbolo aponta uma disfunção, um desvio que precisa ser corrigido (RAMOS, 1995).
Segundo Jung, um funcionamento inadequado da psique pode causar tremendos prejuízos ao corpo (JUNG, 2007).
De acordo com Dethlefsen & Dahlke (1996) a doença significa a perda relativa da harmonia dos traços psíquicos e corporais, se manifesta no corpo como um sintoma, indicando que alguma coisa não está em ordem.
Portanto, o adoecer mostra diversos significados que, de certa forma, interrompe no nosso modo de vida e de experienciar. É preciso compreender para onde o sintoma está apontando.
Passa-se agora a considerar a relação símbolo / sexualidade. Neste ponto, busca-se compreender o que a mulher deixa na sombra pra não ter na consciência, mostrando que uma representação simbólica pobre da sua sexualidade pode contribuir para a manifestação do câncer de mama.
O significado do seio e da sexualidade aqui abordado está ligado à cultura ocidental, que considera o seio como símbolo de sexualidade da mulher.
Para Seixas (1998) a sexualidade humana é uma construção da espécie, vinculada às formas de relação interindividuais. É uma função normal, aceitável sob qualquer forma que se apresente.
Ao longo da vida da mulher a mama sempre esteve relacionada, em nossa cultura e também em outras, à identidade corporal feminina e aos sentimentos de auto-estima, (SEDIKIDES e GREGG, 2003), sendo também símbolo extremamente narcisista (BASEGIO apud MALUF, 2008). Tudo isso reflete de forma diferente na construção da auto-imagem da mulher (DUGAS, 2000).
Gradim (2005) afirma que mulheres com câncer de mama sofrem alterações diretas em um órgão tido como erótico e ligado à sexualidade feminina. Isto poderá afetar fortemente na percepção da sua sexualidade e na sua vivência como mulher.
Em relação à construção da feminilidade, as mulheres que retiram a mama, por exemplo, relatam a sensação de estarem "incompletas", que perderam sua feminilidade (JESUS; LOPES, 2003).
O câncer de mama sinaliza que a suave maneira feminina tornou-se um empecilho para o domínio da vida, que a suavidade se transformou em dureza e que, se as circunstâncias o permitem, é preciso renunciar totalmente a uma parte da feminilidade (DAHLKE, 2004).
Portanto, o câncer de mama é entendido como uma mensagem na qual a mulher ainda pode buscar uma “correção” para sua totalidade de ser. Esta ‘correção’ pode não garantir o controle do câncer, mas possivelmente contribui para sobrevida e qualidade de vida significante para a mulher, que conseqüentemente poderá vivenciar melhor sua sexualidade.

METODOLOGIA

O método utilizado para realizar a pesquisa de campo foi o estudo qualitativo. Este estudo trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, um lado não perceptível e não captável em equações, médias e estatísticas (MINAYO, 2002).
A pesquisa foi realizada em um Hospital Geral da cidade de Teresina-PI, referência regional no tratamento do câncer.
Foi realizada com uma população de 10 mulheres, com idade entre 35 e 55 anos. Dentre estas, 5 foram mulheres que desenvolveram câncer de mama e 5 que nunca o apresentaram.
Inicialmente foi realizada uma entrevista (APÊNDICE A), apenas com o objetivo de traçar o perfil sócio-demográfico das entrevistadas.
Como procedimento de coleta de dados, foi utilizada a associação livre de idéias, método desenvolvido por Jung que trabalha através de símbolos. Para isso foram utilizadas figuras (APÊNDICE B) que remetem a sexualidade feminina, o qual visa fazer emergir conteúdos relativos a representação simbólica da sexualidade de cada mulher.
A associação livre de idéias permite a atualização de elementos implícitos ou latentes que seriam perdidos ou mascarados nas produções discursivas (GARCIA-ROSA, 2005).
Utilizou-se nas entrevistas um gravador de áudio com garantia de maior fidelidade.
A autorização para a coleta de dados foi obtida pelo termo de consentimento livre e esclarecido, documento que expressa o compromisso de cumprimento de cada uma das exigências definidas na Resolução CNS 196/96. Trata-se de uma declaração elaborada pelo pesquisador, em que se esclarece, ao sujeito voluntário, a pesquisa pretendida (BRASIL, 1996). E também segundo os critérios éticos do Conselho Federal de Psicologia, resolução nº 016/2000. Após a coleta dos dados foram identificados e analisados todos os dados obtidos através da análise de conteúdo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Sabe-se que o câncer de mama reflete, ao mesmo tempo em que favorece, o surgimento de muitas questões na vida das mulheres, como implicações sociais, psicológicas e sexuais. A análise do conteúdo traduzem representações subjetivas, familiares e sociais em torno do câncer de mama e da sexualidade feminina, descritas neste trabalho como: relação conjugal, significados do seio, auto-percepção, relacionamento familiar, percepção da sexualidade e medo da morte. 
Em se tratando do modelo de relacionamento conjugal tradicional, os papéis de gênero são demarcados de forma rígida e a conduta feminina é enormemente controlada (HEILBORN, 2004).
As entrevistas mostraram que as mulheres com câncer de mama perceberam o relacionamento conjugal como ruim. A exemplo:
“Minha vida sexual não era mil maravilhas não, não era prazeroso, até porque meu esposo era grosseiro, não tinha afeto nenhum, mas eu o aceitava”. (Jasmim)
A submissão das mulheres à vontade sexual de seus maridos aparece neste estudo. Uma vez que, mesmo não tendo muito interesse pelo sexo naquele momento, elas o faziam. Uma delas mostra como se submetia a relação sexual contra a própria vontade para proteger os filhos ou preservar a imagem familiar:
“Quando ele chegava em casa, ele queria me obrigar a ficar com ele, eu me sentia forçada a ir, às vezes eu me sentia estuprada. (...) Eu me sentia obrigada a ter relações com ele pra evitar alarme (...) pra proteger os filhos”. (Tulipa)
Dentre as mulheres não portadoras do câncer de mama, todas elas relatam um relacionamento conjugal prazeroso. Destacam-se a seguinte fala:
“Meu marido me ensinou que nada disso é pecado, que é uma coisa muito natural”. (Lírio)
Isso mostra que estas mulheres conseguiram despertar-se para a sua sexualidade e sua feminilidade, relacionando-se bem consigo mesma e com o parceiro.
Costa (2004) relata que as mamas são zonas erógenas fundamentais, cuja estimulação isolada em algumas mulheres pode levar a atingir o orgasmo. Duas das entrevistadas não portadoras do câncer de mama, trazem o prazer relacionado ao seio:
“(...) até mesmo em pegar (fala se tocando), é bom demais. Meu seio faz eu sentir alguma coisa né... prazer... e saúde também”. (Azaléia)
Uma das portadoras que retirou um quadrante de um dos seios, destacou o seguinte:
“(...) falta um pedacinho" (Jasmim)
A dificuldade de se ver ou de se ter um corpo mutilado pode trazer sentimentos que terão que ser trabalhos introspectivamente para aceitar a situação e, quando ela ocorre em um órgão de identificação feminina, leva a mulher a reconstruir um conceito sobre esse novo corpo.
Uma das portadoras do câncer de mama relata o seguinte:
“Quando eu tirei, me senti nua (...)”. (Tulipa)
Isso mostra a dificuldade de entrar em contato com seu novo corpo e consigo mesma, simbolizando o seio como uma identidade, que lhe dava segurança e proteção.
Quanto ao contato / percepção do corpo, um ponto importante a destacar é que uma das mulheres portadoras do câncer de mama passou a ter maior contato com seu corpo, a se conhecer, se perceber, após o surgimento do câncer. Como afirma a teoria da doença como oportunidade de crescimento, o câncer surgiu como uma forma dela entrar em contato com seu próprio corpo e consigo mesma. A exemplo:
“Não me dava conta do meu corpo (...). Hoje cada pedacinho do meu corpo é importante pra mim”. (Girassol)
A perda do seio pode ter um impacto significativo, causando distorções na auto-imagem e na percepção de si mesma. Destaca-se a seguinte fala:
“Me sinto desigual das outras” (Hortência)
Nesta fala nota-se o sentimento de “diferente, desigual”, mostrando que esta mulher ainda não desenvolveu estratégias para lidar com as dificuldades conseqüentes à alteração da imagem corporal.
Às vezes uma doença / sintoma apontam que algo está errado, que precisa de atenção e de cuidado, como aparece na fala de uma entrevistada portadora do câncer de mama, que passou a se perceber e se amar após o surgimento da doença:
“(...) eu aprendi a me amar”. (Girassol)
Duas das entrevistadas não portadoras do câncer de mama destacam a educação rígida e o conservadorismo da família ao falar sobre sexualidade. A exemplo:
“(...) eu sempre tive uma educação... assim, muito rígida, muito travada, onde sexualidade era um tabu. (...) falar de prazer sexual era um verdadeiro absurdo”. (Lírio)
Apesar da educação rígida recebida, essas mulheres puderam se perceber como mulher e descobrir sua sexualidade após o relacionamento com o parceiro.
A sexualidade é inerente ao ser. De um modo geral, sabe-se que a doença nem sempre é um obstáculo para a prática sexual. No caso de mulheres com câncer de mama, há alteração direta em um órgão tido como erótico e ligado à prática sexual (GRADIM, 2005).
Uma fala mostra como a entrevistada (não portadora do câncer de mama) simboliza sua sexualidade como uma borboletinha, mostrando que hoje ela possui um contato maior, mais seguro e mais experiente com sua sexualidade:
“Uma borboletinha... é isso! Antes ela voava meio sem rumo e hoje ela já sabe a altura que ela voa”. (Camélia)
Uma das mulheres portadoras do câncer de mama retrata que após a perda da mama havia perdido sua sexualidade. Ela associa o seio como um fato denominador da sua sexualidade:
“Quando eu perdi a mama, senti que não tinha mais”. (Tulipa)
A temática confirmação do câncer de mama é geralmente associada a uma doença com desfecho ruim, a possibilidade da morte. Uma das entrevistadas enfatiza não se importar em perder o seio, contanto que ainda possa viver:
“(...) não me importo em tirar o seio, pode tirar tudo, se for pra salvar a minha vida e viver mais”. (Violeta).
Estes relatos mostram que mais uma vez o câncer está associado a uma doença carregada de negatividade que momentaneamente parece afastar qualquer sentimento de esperança para a continuidade da vida.
Segundo Rossi; Santos (2003) ao receberem o diagnóstico de câncer de mama as mulheres passam a ter consciência da morte iminente, além de sentimentos como tristeza e angústia.
Por isso, constata-se que o medo da morte é um fator muito presente em pessoas que desenvolveram o câncer.

CONCLUSÃO

Inicialmente, ressalta-se que a utilização das figuras serviu de apoio para o surgimento dessas questões, mas por serem algo que merecem uma análise mais aprofundada e mais atenção, elas serão utilizadas para a discussão e análise em um outro trabalho.
Culturalmente a mulher ainda é criada e educada para ser mais reservada e não demonstrar desejo. No conteúdo das entrevistas, percebe-se a submissão de algumas mulheres portadoras do câncer de mama à vontade sexual de seus maridos em detrimento da sua.
Nota-se que as mulheres não portadoras do câncer de mama puderam vivenciar e experienciar várias questões subjetivas referentes à sexualidade e a feminilidade, sentindo mais prazer, tocando-se, conhecendo-se. Já as portadoras do câncer de mama tiveram menos prazer, menor contato consigo mesma e com o corpo.
Foi possível, entretanto, observar que algumas das mulheres portadoras do câncer de mama apresentaram dificuldade no que diz respeito ao relacionamento conjugal. Três delas se divorciaram e ficaram vários anos sem manter nenhum tipo de relacionamento amoroso ou sexual, dedicando-se apenas ao cuidado dos filhos.
As não portadoras do câncer de mama fazem uma avaliação positiva em relação a sua auto-imagem e a sua auto-estima. Já as portadoras fazem uma avaliação negativa a respeito do seu corpo, com exceção de uma delas que se percebe positivamente, mas ressalta-se que isso ocorreu somente após o surgimento do câncer.
Para uma das entrevistadas, portadora do câncer de mama, a doença surgiu como uma possibilidade de contato consigo mesma, onde ela passou a se dar valor e a se amar depois do aparecimento da doença. A mudança desta mulher mostra que mesmo após seu surgimento, ainda é possível se amar, se valorizar, ter desejo, ter prazer, ser mulher.
A sexualidade, como qualquer outro campo da vida do indivíduo, requer um aprendizado que se faz socialmente, fazendo parte do construto da identidade feminina e de como a vivenciamos. Isso pode contribuir para que a mulher entre em contato ou não com os aspectos subjetivos da sexualidade e feminilidade.
O sintoma surge como uma possibilidade de voltar ao equilíbrio, mostrando que algo no ser está disfuncional e precisa de atenção e de cuidado.
Ressalta-se que existem diversas pesquisas que envolvem e discutem incessantemente questões referentes ao medo, aos conteúdos e significados que surgem na mulher após o aparecimento do câncer de mama. Mas, poucas falam e se preocupam em saber como elas viviam antes da doença, como era sua estrutura emocional, como vivenciavam seu próprio corpo, sua sexualidade, sua feminilidade e como isso pode ter contribuído para o surgimento da doença.
Por fim, destaca-se que esta pesquisa não objetiva demonstrar caminhos para evitar o câncer de mama. Mas o fato é que, entrevistar mulheres não portadoras do câncer de mama e fazer uma comparação com as portadoras, fez-se de suma importância para que se pudesse perceber como a vivência satisfatória da sexualidade, feminilidade, sensações e desejos, são essenciais para que elas possam estar em equilíbrio, não construindo ou oportunizando o surgimento de doenças psicossomáticas como o câncer.


REFERÊNCIAS

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BRASIL. CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE. Resolução nº 196/96, 10 de outubro de 1996. Disponível em <http://conselho.saude.gov.br/comissao/conep/resolucao.html>. Acesso em 27 de maio de 2008.

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HEILBORN, M. L. Dois é par: gênero e identidade sexual em contexto igualitário. Rio de Janeiro: Garamond, 2004.

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JUNG, Carl Gustav. O homem e seus Símbolos. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.

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RAMOS, Denise G. A Psique do Coração: uma leitura analítica do seu simbolismo. 10ª ed. São Paulo: Cultrix, 1995.

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SEIXAS, Ana Maria Ramos. Sexualidade femininahistória, cultura, família - personalidade & psicodrama.São Paulo: SENAC, 1998.


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*Psicóloga CRP-11/05399

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