sexta-feira, 3 de outubro de 2014

E se não sentíssemos nada?

A ideia de não sentirmos nada foi adotada pelo filme “The Givers” com o título em português “O doador de memórias”. Baseado no livro "O Doador" (1993) de Lois Lowry, traz uma sociedade utópica, sem guerras, doenças ou tristezas. O objetivo deste texto não é fazer uma crítica sobre o filme, mas refletir sobre a ideia de não sentirmos nada.
O filme aborda uma sociedade planejada, totalitarista, em que todos já nascem destinados a algo. E para criar uma sociedade perfeita, é preciso apagar todas as memórias coletivas que relembrem qualquer tipo de sentimento ou emoção humana, seja boa ou ruim. Dá a sugestão de que para se ter uma sociedade perfeita, é preciso que não haja sentimentos.
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Para isto, não bastaria apenas abolir os sentimentos ruins, seria preciso extinguir também os sentimentos bons. Coisas simples como um abraço ou um entrelaçar de mãos que causa um turbilhão de sensações em cada parte do nosso corpo, um simples sorriso, um movimento, uma dança, tudo isso também parece ser perigoso e ameaçador para esta tal sociedade perfeita.
Há momentos em que o protagonista traz em suas palavras, um discurso carregado de sentimentos, e imediatamente lhe é exigido clareza. É preciso nitidez nas palavras quando não se compreende o que se sente. É preciso uma palavra racionalizada e objetiva, em que não precise de empatia para compreendê-la. É preciso uma vida preenchida de cor cinza e vazia de sensações. Mas até que ponto?
As cenas em preto e branco garantem a ausência de sentimentos. As cores surgem quando os sentimentos começam a pulsar no peito do protagonista. Sugere a ideia de que os sentimentos são carregados de cores. Tudo se torna mais atrativo quando o colorido mostra sua força. A alma humana clama pelo sentir, é intrínseco. Mesmo que o sentimento doa forte, ainda assim é preferível sentir.
Esta discussão traz uma margem para ares filosóficos e a questão é: se não sentíssemos nada, realmente teríamos uma sociedade tão perfeita como a mostrada no filme? Mas até que ponto uma sociedade sem sentimentos garantiria que não haveria guerras? Abolir o amor e o ódio realmente seria eficaz em conter o que há de mais puro ou obscuro na alma do ser humano?
A alma humana é contornada de emoções e sentidos. E talvez para atingirmos o ápice da sociedade perfeita, precisaríamos deixar de ser humanos.




[Suzanne Leal]

domingo, 28 de setembro de 2014

Qual lado da rua?


Nos diversos caminhos e estradas que nos emboscam diante de escolhas durante todo o decorrer da nossa vida, perdemos noites de sono e sossego, perdemos dias de claridade e rendimento. Deixamos de viver nossa vida para vivermos a angústia das nossas escolhas. Precisamos escolher entre o que queremos e o que é necessário. E às vezes até fingimos que as escolhas não estão lá esperando que a gente se mova.



O que desgasta é fazer escolhas imaginando as possíveis possibilidades, é escolhermos entre o nosso sonho e a realidade. As possibilidades, acredito eu, jamais serão como imaginamos ou planejamos. Mesmo que contemos todos os números necessários e calculemos toda a conta com cada pedra ou desvio somado milimetricamente. Ainda assim, nunca será igual.

Inventamos medos e empecilhos. Você se afunda num poço de dúvidas por não saber por onde seguir.  Tudo isso porque no final das contas, a responsabilidade será inteiramente sua. Assumir as próprias responsabilidades é um passo imensamente audacioso e fortalecedor, mas infelizmente, nem todos conseguem. O caminho da imobilidade é bem mais fácil.

O medo não é do que pode vir. Mas de ter que assumir a responsabilidade pelas conseqüências das escolhas feitas. É isso que assusta e te faz paralisar. É isso que nos faz desistir. A repetição de pensamentos e sentimentos negativos de que nada vai dar certo, parece se expandir como doença, como vício que contamina cada célula do pensamento e da alma.

Temos medo de escolher, porque escolher exige renúncia. A escolha traz consequências e precisamos arcar com ela. Isso não significa que seja algo tão pesado e ruim. De início pode parecer carregado, arrastado, sofrido, mas com o tempo a percepção e o resultado serão bem mais satisfatórios do que a permanência em uma insatisfação por não conseguir se mover.

Ao invés de gastarmos energia remoendo e lamentando por não querermos assumir nossas próprias responsabilidades, gastemos essa energia nos movimentando. Chegará o dia em que terá que olhar para o outro lado da rua e atravessá-la. O que o espera do outro lado não é possível saber. Para isto, é preciso tentar.

A tentativa é o primeiro passo. A persistência é o segundo. A vontade só se torna um passo quando se tenta. Deixá-la arraigada e presa dentro de si não causa mudanças, pelo contrário, isso se acumula em energia ruim no corpo. E como dizem por aí “nada se perde, tudo se transforma”, o corpo, por não saber o que fazer com tanta pressão e energia ruim, transforma-a em doença. Uma doença silenciosa que contamina a vida em passos vagarosos.

Por isso, mova-se! Atravesse a rua!



[Suzanne Leal]



Qual lado da rua? Obvious

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Awarennes






_ Me peguei pensando... 
(E milhões de estrelas escapuliram fugazmente do meu pensamento. Upsss... Esperem! Não fujam! Voltem para os seus acordeões, para os campos mais belos do espaço, ocupem cada uma seu cantinho e encaixem-se como cada planeta e brilhem em direção ao lugar certo). 
_ Ops, um awarennes! 

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

[Autobiografia]


Dessa vez o sonho escapou e só demorou 3 piscadas pra os meus olhos se arregalarem. Foi grito interno pra tudo o quanto era lado. Não demorou nem 3 segundos pra eu largar a ingenuidade e crescer. Meu avô contava histórias de se encher de atenção, minha avó mexia com toda a decoração e eu só tentava imaginar onde morava o tal bicho de sete cabeças. Não era de dar medo, era indagação conotativa de criança. Eu acho que música tem que mexer com a alma. Tem que acelerar e acalmar. E que pra ler tem que viajar. Queria mesmo era ficar acordada, mas ainda que não precisasse dormir, ainda assim queria acordar pela manhã. O que isso tem a ver? Veja bem, eu gosto da manhã e de acordar nela. Eu vejo a alma das coisas e penso em pra quê serve, só não vou contar dos morangos. Eu pulo algumas partes, não porque não me servem, mas porque não as quero. Não tive um cachorro que fosse basicamente meu, mas porque não me ensinaram a usar as mãos e as palavras. Palavras? Sim, eu tenho muitas, só não sabia como usar, ainda sei pouco, mas o que não quero eu vou deixar. E fica aí, não me segue não. Definitivamente, às vezes acho tudo bobagem e às vezes acho tudo válido. No mais, é só! 






[Suzanne Leal]

domingo, 7 de setembro de 2014

Tempo

"Se eu fosse o tempo,
arriscaria todas as próximas horas
e esqueceria tudo o que já passou"



[Suzanne Leal]

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Promessas






"A gente começa com janeiro

e quando chega setembro
percebe que nunca começou"



[Suzanne Leal]